domingo, 29 de março de 2009

Primeira turma de indígenas graduados de Roraima

“Sejam bem vindos” – diz a faixa em quatro idiomas diferentes (macuxi, inglês, português e wapichana) aos mil e 500 convidados para a festa na aldeia. O motivo para comemorar? É que 37 alunos do curso de Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Roraima receberam o diploma de nível superior. A cerimônia foi realizada na comunidade indígena de Canauanim, no município de Cantá, a 22 quilômetros de Boa Vista, capital de Roraima.

Eles são das etnias Macuxi, Yekuana, Wapichana, Ingaricó, Taurepang e Wai Wai, a primeira turma de indígenas graduados do País em uma instituição federal de ensino. O curso oferece três habilitações: Ciências da Natureza, Comunicação e Artes e Ciências Sociais.

Getúlio Solon, da etnia Wapichana, optou por Comunicação e Artes. Ele dá aula há seis anos na comunidade indígena em que nasceu, Canauanim, e é motivo de orgulho para a família. Getúlio pretende continuar estudando e fazer pós-graduação, mas não pensa em deixar a comunidade. “Eu tenho muito a fazer aqui, ensinando o que aprendi e ajudando o meu povo”, disse o professor indígena.

O curso é oferecido desde 2003 e nasceu a partir da necessidade dos professores indígenas do Estado, que, na época, não tinham formação superior. “Na Assembléia Geral dos Professores Indígenas de Roraima, reivindicamos o direito dos povos indígenas de também terem acesso ao nível superior”, lembrou a presidente da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIRR), Pierângela Nascimento. Ela também faz parte da primeira turma de formados do curso.

“A partir da reivindicação dos professores indígenas, a Universidade Federal de Roraima aprovou a criação do Núcleo Insikiran”, informou o coordenador do núcleo, professor Marcos Braga. O Insikiran oferece cursos de graduação específicos para indígenas. Segundo o coordenador, a expectativa é de que em 2013 seja possível oferecer o curso de Mestrado em Educação Intercultural.

O curso de Licenciatura Intercultural tem duração de cinco anos e oferece uma metodologia específica para a realidade indígena. Os acadêmicos são professores da educação básica em escolas indígenas do Estado. Durante o recesso escolar, eles participam de aulas presenciais intensivas na UFRR, em Boa Vista.

No período das aulas, eles participam ainda de encontros pedagógicos, em que são acompanhados por professores universitários do Núcleo Insikiran. Nesses encontros, são discutidos a aplicação do que os acadêmicos aprendem em sala de aula.

Insikiran - A origem do nome Insikiran é Macuxi e significa um dos filhos do Guerreiro Makunaimî, o Grande-Pai, criador do mundo, segundo a mitologia indígena.

Mas e você: acha as pessoas indígenas precisam de cursos universitários?
As instituições de nível superior deveriam oferecer cursos específicos para indígenas?

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